O martírio fora de campo

Quem sonha em ser um jogador de futebol projeta muito sucesso, uns quinze anos de carreira e um pé-de-meia considerável, alimentado semanalmente com os “bichos” polpudos. No entanto, mesmo aqueles que chegam a profissionalismo e vestem a camisa de um time de primeira divisão não estão livre de sofrer reveses que os tiram temporariamente dos gramados.

E não é nada fácil ficar de fora do jogo. Recentemente, o meia palmeirense Pedrinho confessou publicamente que as constantes contusões, que o tiraram de campo por mais de um ano, o levaram a uma depressão profunda. O jogador pensou até mesmo em se suicidar. Outro atleta que ou maus bocados devido a um problema físico foi o atacante Ronaldo, do Real Madrid. Quando o pesadelo parecia ter chegado ao fim após a recuperação de um delicado problema no joelho, ele voltou a se contundir. Após a segunda contusão, Ronaldo chegou a ser desenganado por muitos. Mas com uma força sobre humana se recuperou novamente e conquistou a artilharia da Copa do Mundo de 2003.

No futebol paranaense, alguns jogadores que atuam pelos times da capital já aram por períodos de provação. No Coritiba, quem ou o maior aperto foi o meia Djames, que fez sua “reestréia” contra a Ponte Preta. “Fiquei sem jogar por um ano e quatro meses devido a um problema no ligamento cruzado do joelho. Operei e depois tive uma artrofibrose”, conta. Como não poderia deixar de ser, o coxa-branca ou por momentos de desespero. “Não tem como não se preocupar. Você vê o tempo ando, a dor continuando e você não podendo ajudar sua equipe. É muito difícil. Mas nunca cheguei a desistir, especialmente devido ao apoio da minha família e dos médicos”, diz.

No entanto, a perseverança abandonou o volante Emerson, do Paraná Clube. Por pouco o atleta não desistiu da carreira. Em 2000, ele teve uma pubalgia que o tirou dos gramados por quase um ano. “Era um problema difícil de ser tratado e que incomodava muito”, lembra. No final daquele ano, o departamento médico do clube acabou optando por submetê-lo a uma cirurgia delicada. “Eles rasparam o osso e deu tudo certo. ei mais seis meses me recuperando. Antes da cirurgia, houve uma hora em que pensei que não fosse mais jogar e já estava conformado. Mas fiquei sabendo do caso do Cocito e do Arce, que tiveram problema parecido e se recuperaram. Isso me animou”, diz o dono de um dos chutes mais velozes da Vila Capanema.

No Atlético Paranaense, ninguém sofreu tanto nos últimos tempos como o atacante Ilan. Antes de se tornar o artilheiro da equipe, o jogador ou por maus bocados, em um entra-e-sai estafante do departamento médico. Durante algum tempo, o jogador teve que ouvir que suas seguidas contusões não avam de “manha”. Recuperado, o jogador deu a volta por cima e hoje é um dos poucos ídolos do atual elenco.

Suspensão

Nem sempre o problema é físico. O goleiro Fabiano, do América Mineiro, vai pendurar a chuteira por seis meses após o julgamento de sua agressão ao árbitro paranaense Marcus Mafra.

O goleiro reserva do Coritiba, Fernando Vizotto, também está fora de combate em função de uma punição do Superior Tribunal de Justiça Desportiva. O jogador usou um medicamento proibido para curar um problema urológico e foi pego no exame antidoping. No primeiro julgamento, ele foi absolvido. Mas na segunda instância, ele não escapou da pena e fica vetado de entrar em campo até novembro. “O segredo e continuar trabalhando, sem pensar quantos dias faltam. Assim a mais rápido”, ensina. De fato, diante dessas pedras que aparecem no caminho, o segredo é pensar sempre que dias melhores virão.

Mente sã em corpo doente

Não é apenas o aspecto físico que merece atenção em caso de contusões graves. Como o jogador tem no corpo o instrumento de trabalho, ficar impossibilitado de utilizá-lo mexe com a cabeça. Por isso, o trabalho psicológico é muito importante no auxílio a uma recuperação mais rápida.

“Mesmo sem ter condições de jogo, temos que manter o atleta motivado. Isso ajuda na recuperação e o deixa preparado para o retorno”, explica a psicóloga do Coritiba, Flávia Focaccia.

O trabalho da profissional se divide em três partes. Na etapa inicial, é levada em conta a aceitação da contusão. “É algo que requer muita conversa, pois não é fácil para um atleta saber que ficará fora de combate”, diz Flávia. Em seguida, no período de recuperação, a psicóloga aproveita para desenvolver algumas habilidades nos atletas. “Fazemos um treinamento mental, de pensamento positivo e visualização do período pós-recuperação”. Quando o atleta está prestes a ficar à disposição do treinador, o trabalho é direcionado à readaptação com o grupo. Durante toda a recuperação, lembramos que o atleta continua fazendo parte do grupo. Ele não pode sentir-se um estranho”.

O trabalho motivacional também é importante para os atletas que não estão na equipe titular. Por não estar em evidência, eles sofrem mais. “Nosso trabalho também é direcionado a eles, para deixá-los prontos quando solicitados”, diz Flávia, lembrando que todos os suplentes que entram na equipe têm um bom rendimento.

No caso do goleiro Fernando Vizotto, o apoio do grupo e da diretoria ajudaram para manter o ânimo no jogador, que segundo Flávia tem um perfil muito positivo. “Ele está aproveitando o tempo para treinar forte alguns fundamentos. E como está em constante contato com o grupo, a motivação fica maior”, conclui Flávia.

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