Definitivamente, 2017 é o ano de Lázaro Ramos. Em poucos meses, o ator já consagrado pelo ofício alcançou um raro grau de respeitabilidade e credibilidade, fato incomum hoje no País.
Começou com o lançamento do livro Minha Pele (Objetiva), em junho, prosseguiu com uma agem retumbante na Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip, em julho, e deve atingir o auge na terça-feira, 15, quando será lançada a plataforma do programa Lazinho Com Você, que marca sua estreia como apresentador na Globo.
“Vamos tratar de cultura colaborativa”, conta Lázaro à reportagem. “Partiremos do princípio de que as coisas se explicam mais pelas perguntas que pelas respostas.” Será, de fato, um programa cuja alma será a participação popular, ou, como define Elisio Lopes, responsável pela redação final, “um programa que celebra a criatividade brasileira”.
Trata-se de um modelo inovador, portanto, sem nenhum antecedente. “Vamos aprender muito durante o processo”, reconhece Rafael Dragaud, que assina a direção artística do programa que chegará à TV aberta apenas em dezembro.
Vai funcionar assim: uma plataforma digital exclusiva será lançada nesta terça e, por meio dela, qualquer pessoa vai poder colaborar com a pauta. As formas serão livres, ou seja, tanto podem ser letras, músicas, ilustrações, imagens, clipes, memes ou mesmo um depoimento. A partir daí, é formada uma rede criativa online que vai incentivar não apenas a postagem de conteúdos originais, mas também a possibilidade de remixá-los a fim de que apareçam trabalhos novos, como em um grande brainstorming. Finalmente, o resultado dessas colaborações coletivas vai levar Lázaro a inúmeros caminhos: entrevistas, esquetes, viagens, personagens e o que de mais interessante vier pela frente.
“Nosso desafio é oferecer um palco para o surgimento de novas produções artísticas”, conta o ator que, no momento em que o programa for exibido pela TV aberta, nas tardes de domingo, estará acompanhando e comentando ao vivo, na plataforma da internet. “Já estou tentando me policiar, pois até antes de dormir tenho o desejo de ar o material pelo celular”, diverte-se ele. E um detalhe importante é que não existe uma hierarquia entre as ferramentas, ou seja, a internet não será um mero complemento da televisão. “Chamar internet de segunda tela é a forma que os mais velhos, como as pessoas da minha geração, usam para classificar as formas de comunicação.
Atualmente, as pessoas não se preocupam mais com horários, pois assistem a seus programas nos horários mais convenientes.”
Para que as pessoas interessadas sigam um caminho tranquilo com sua colaboração, Lázaro conta que foram instituídos pilares para que a experiência cultural seja plena. “Somos todos protagonistas”, diz um deles. “Interagir é saber ouvir”, prega um outro. E, finalmente, duas convicções que podem resumir a essência do programa: “Colaboração é o que nos une” e “Nada tem ponto final, tudo é remixável”.
Tais frases trazem veracidade quando proferidas pelo ator. Afinal, desde que publicou Minha Pele, no qual estabelece um diálogo franco com os leitores sobre pluralidade cultural, racial, étnica e social, Lázaro solidificou a imagem do artista preocupado com questões da sociedade. Aos 38 anos, ele descobriu a força de uma boa conversa ao comandar o programa Espelho, prestes a completar 13 anos no ar, pelo Canal Brasil. “Nesse período, Lázaro desenvolveu uma interessante forma de entrevistar”, atesta Elisio Lopes.
Foi motivado por essa experiência vitoriosa que Lázaro fez uma proposta à Globo de apresentar um programa envolvendo diretamente o público. No início, o formato seguia uma linha tradicional, ou seja, pesquisas realizadas pelo Brasil apontariam pessoas com histórias curiosas, que seriam visitadas pelo ator. “Tenho 25 anos de Globo e já estava com dúvida sobre se essa era a melhor forma de encontrar as pessoas”, conta Rafael Dragaud. “Podíamos, na verdade, resvalar em um clichê sobre o que é o brasileiro comum.”
A conversa que o diretor artístico teve com o ator foi decisiva. “Disse a ele que deveríamos partir da premissa de que as pessoas interessantes não estão apenas nas ruas, mas também na internet”, relembra Dragaud. “No ado, tivemos experiências de sucesso como Brasil Legal, Muvuca, mas era chegada a hora de se mudar esse formato. Foi quando finalmente chegamos ao processo colaborativo.”
Segundo ele, é preciso falar de novas vozes, atitude que casa perfeitamente com o discurso hoje defendido por Lázaro. “O grande desafio do programa não é ser moderninho, mas o de incluir qualquer tipo de pessoa com alguma ideia, o que pode ser também aquela senhora que tem dificuldade para mandar mensagens pelo WhatsApp”, continua o diretor.
Um detalhe importante sobre Lazinho com Você é a de que não será um programa temático – a cada domingo, uma pergunta será lançada, uma provocação para atiçar a imaginação dos espectadores. Algo como: “O que você faria ao ouvir alguém dizer que te ama"M627.409,331.563L512.604,306.07c-44.69-9.925-79.6-46.024-89.196-92.239L398.754,95.11l-24.652,118.721
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